"Vós que lá do vosso império, prometeis um mundo novo...CUIDADO, que pode o povo, querer um mundo novo a SÉRIO!" In: António Aleixo

04/02/2013

Ainda o General Jaime Neves 1936-2013






Gritou-se “Mama Sume” no Parlamento

01/02/2013 - 12:50

    O voto de pesar votado pela morte do major-general Jaime Neves no Parlamento resultou num episódio ruidoso nas galerias.

    Depois de os partidos do PS, PSD e CDS terem aprovado o voto de pesar, apesar dos votos contra do PCP, BE e Verdes, um grupo na assistência – alguns deles com boinas militares – levantou-se para verbalizar o grito dos comandos, unidade que Jaime Neves chefiava durante o período da revolução e consequente "Verão Quente".

    O plenário foi surpreendido com o grito “Mama Sume!” que deixou a mesa da Assembleia da República (AR) sem reacção.

    A expressão foi adoptada pela unidade militar a partir do grito de uma tribo Banto do Sul do continente africano na cerimónia que precedia a caça ao leão. Traduzida significa “Aqui estamos prontos para o sacrifício”.

    Ao contrário de outros momentos, a presidente da AR não solicitou aos agentes da autoridade que evacuasse as galerias. Quem assiste às sessões do plenário não pode manifestar-se enquanto os trabalhos decorrem. E Assunção Esteves já deu no passado ordens para evacuar a assistência depois de algumas manifestações.

    De qualquer maneira, os cidadãos em causa, abandonaram as galerias logo após o incidente.

Comentário de Manuel Bernardo
    Também eu lá estava, tal como a viúva D. Delfina Neves e seu filho Dr. Filipe Neves e outros familiares, assim como vários elementos dos “Comandos” convidados para o efeito através da Associação de Comandos.
Confirmo esta notícia divulgada no “Grupo Comandos” do Facebook.
    Os deputados do PSD, CDS e PS fizeram o elogio (dois minutos cada) do General Jaime Neves, sendo a moção aprovada por estes partidos com os votos contra do PCP, Bloco de Esquerda e Verdes.
    Saliento que o Sr. Filipe, do PCP, teve o atrevimento de aproveitar o “seu” tempo para os “dislates do costume”, afirmando mesmo que Jaime Neves tinha pretendido a ilegalização do PCP e que foi evitada por homens como Ramalho Eanes, Melo Antunes e Costa Gomes.
    Tal não é verdade no que diz respeito a Jaime Neves, pois o que ele sempre afirmou foi que os responsáveis pela sublevação armada deviam ser julgados e condenados, pelos crimes praticados e nomeadamente pela morte de dois dos seus Homens: Tenente Coimbra e Furriel Pires.
    Assim, quando o General Costa Gomes (na manhã do dia 26 e depois de terminada a actuação armada) queria mandar para casa os três majores (Campos de Andrada, Mário Tomé e Cuco Rosa), responsáveis pela sublevação do Regimento de Polícia Militar, Jaime Neves insurgiu-se contra tal e eles foram, de facto, detidos.
    O Sr. Filipe também não referiu (por não lhe interessar…) a sublevação armada patrocinada por Álvaro Cunhal, então líder e secretário-geral do PCP, na noite de 31 de Julho para 1 de Agosto de 1975, no Regimento de Comandos (Amadora) e que levou a que o seu Comandante, o então Coronel Jaime Neves fosse impedido de entrar na Unidade, durante quatro dias. Isto não são “bocas”, como fazem alguns políticos; tal foi julgado em tribunal militar e onde foi provado aquilo que afirmo.
    Quer isto dizer que este acontecimento menos grave levou à condenação dos seus intervenientes e que o mais gravoso, como o sucedido na Calçada da Ajuda, com a morte de dois graduados dos “Comandos”, seria amnistiado por proposta de “ilustres membros” do auto-proclamado Conselho da Revolução, não constante do Programa do MFA. 
    O PCP poderá orgulhar-se de ter lutado contra o regime autoritário de Salazar e Caetano. Mas devia fazer a sua auto-crítica em relação ao facto de ter praticado afrontas aos mais elementares Direitos do Homem, consagrados na Declaração Universal, de que Portugal fora subscritor, ao promover saneamentos, prisões arbitrárias, etc., desde 28 de Setembro de 1974 a 25 de Novembro de 1975.
                                    Cor. Manuel Bernardo
PS: É curioso que os jornalistas das TVs tenham dado grande cobertura ao sucedido antes desta votação de pesar na AR e que não tenham dito uma palavra sobre o assunto nas suas emissões de 1-2-2013.

Voto de Pesar N.º  __/XII

Pelo falecimento do Major-general Jaime Neves

Foi com enorme consternação e pesar que a Assembleia da República tomou conhecimento do falecimento do Major-General Jaime Neves.

Jaime Alberto Gonçalves das Neves, nascido a 24 de março de 1936, prestou altos serviços às Forças Armadas e ao País, ao longo da sua vida e da sua brilhante e valorosa carreira militar, marcada pelo heroísmo, pela frontalidade e por uma singular capacidade de decisão.

Grande parte da sua carreira militar foi dedicada a servir a Pátria no Ultramar, onde cumpriu diversas comissões de serviço, sempre com notável espirito de missão, excelentes qualidades de liderança e invulgar coragem perante situações de elevado risco, qualidades que foram publicamente reconhecidas em diversos louvores e condecorações destacando-se a Medalha de Cruz de Guerra de 1º Classe.

Desde cedo, integrando os «Comandos» e contribuindo para o prestígio desta Tropa de Elite do Exército Português, foi Comandante de «Companhias de Comandos», do «Batalhão de Comandos Nº 11» e do «Regimento de Comandos», pautando sempre a sua ação de comando e de liderança, pela firmeza das suas atitudes, pela forma excecional como acompanhou e apoiou os seus homens, bem como pelos laços de camaradagem e amizade que criou e que irão perdurar para sempre na história dos «Comandos» e do Exército Português, como um exemplo a seguir.
Deste percurso, digno de um verdadeiro Comandante e «Comando», assume particular relevo a participação decisiva que teve “nas ações militares que conduziram à restauração da democracia em Portugal e à sua intransigente defesa, nomeadamente pela sua atuação em 16 de março de 1974, em 25 de abril de 1974 e em 25 de novembro de 1975” e na “ação importantíssima na restauração da disciplina nas Forças Armadas”, conforme consta do alvará que conferiu, em 1995, ao então Coronel de Infantaria «Comando» Jaime Neves o grau de Grande-Oficial com Palma da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a mais importante Ordem Honorífica Portuguesa.  

Apesar do seu desaparecimento ser uma enorme perda para o País e para todos os que com ele tiveram o privilégio de privar, Portugal jamais esquecerá este ilustre Soldado.

Para a história fica o exemplo de um homem bom, de um grande patriota e de um defensor e construtor da democracia.

Nesta hora de luto, a Assembleia da República presta sentida homenagem à sua memória e endereça à sua família os mais sentidos votos de condolências.

Palácio de S. Bento, 1 de Fevereiro de 2013

Os Deputados

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